Estereótipos do autismo em discussão

Estereótipos do autismo em discussão

“Olha…Ele está se balançando!” “Autistas são antissociais”, “Autistas são desprovidos de empatia!” Estas e outras frases disparadas, tanto a pessoas no Espectro quanto às suas famílias, contribuem para o surgimento de projeções puramente especulativas e que tomam, pouco a pouco, o lugar da individualidade, da potência que há em cada vivência, cada experiência. Tal coisa implica em reduzir o autista a estereótipos, e quando isto acontece eis que se perde o olhar sensível à transformação que existe em cada pessoa e é assim que esta executa seus planos e leva sua vida de forma produtiva.

Autistas estão sempre aprendendo. Porém, seu modo de aprendizado acaba por assinalar para a opinião pública que “autistas não aprendem” e tal é a mãe de todas as especulações: a ideia de que não há caminhada no Espectro! É importante trazer luz às batalhas de cada dia, pois é nelas que o indivíduo no Espectro alcança seus objetivos e ‘aprende’ a enfrentar cada situação de frente e assim pode contribuir ativamente com a sociedade.

A sociedade tem, mais do que nunca, a chance de discutir: seria o autismo em si uma dificuldade, ou será que pelo modo com que as informações são estruturadas, de forma caótica e sem tempo para respostas, o autista teria mais dificuldade de convívio? A mídia, em seus vários formatos, tem levantado esta questão, através, principalmente, de filmes, documentários e blogs. A opinião pública tem entendido cada vez mais o ponto de vista dos autistas, mas ainda falta creditar-lhes inventividade, resiliência, criatividade… Dons que fazem de todos nós (com ou sem deficiência) senhores de nosso próprio domínio! Uma vez que os autistas tiverem tal crédito, então poderão mostrar suas potências, traduzidas na forma de talentos.

O convite que perdura, e que ganha força com a velocidade da internet é trazer desafios e motivações para que autistas e neurotípicos ponham-se no lugar uns dos outros. Assim, as conjecturas e estereótipos dão lugar a possibilidades de engrandecimento mútuo. As pesquisas mais recentes da ciência pavimentam caminhos para a plena inclusão, partindo da integração e seguindo para o convívio pleno com as diferenças.

As percepções dos pais acerca de suas potencialidades, bem como o potencial de seus filhos devem moldar a percepção que a sociedade tem sobre o Transtorno do Espectro Autista, e não invencionices e especulação.


Marcos Petry

Marcos possui uma lesão cerebral e é autista. É formado em Comunicação Institucional e fez pós graduação em Design Gráfico. Atualmente cursa nova pós graduação em Transtorno do Espectro Autista. Criou o canal Diário de um Autista que hoje tem mais de 123 mil inscritos e seis milhões de visualizações. Além de produtor de conteúdo e palestrante, Marcos é escritor, com três obras publicadas. Marcos é morador de Vidal Ramos/SC.